Nem acabei de ler o livro e foi tamanha a minha identificação com o personagem que não consegui terminar de ler pra postar algo sobre ele, então hoje, resolvi publicar uma passagem do livro " A correspondência de Fradique Mendes" passagem esta que da uma verdadeira lição de moral e descreve exatamente a minha opinião sobre o assunto, enfim, vamos a ela.
"A sua bondade, porém, não se limitava a esta expressão passiva. Toda a desgraça, desde a amargura limitada e tangível que passa na rua, até à vasta e esparsa miséria que, com a força dum elemento, devasta classes e raças, teve nele um consolador diligente e real. São dele, e escritas nos derradeiros anos (numa carta a G. F.) estas nobres palavras:—«Todos nós, que vivemos neste globo, formamos uma imensa caravana que marcha confusamente para o Nada. Cerca-nos uma Natureza inconsciente, impassível, mortal como nós, que não nos entende, nem sequer nos vê, e donde não podemos esperar nem socorro nem consolação. Só nos resta para nos dirigir, na rajada que nos leva, esse secular preceito, suma divina de toda a experiência humana—«ajudai-vos uns aos outros!» Que, na tumultuosa caminhada, portanto, onde passos sem conta se misturam—cada um ceda metade do seu pão àquele que tem fome; estenda metade do seu manto àquele que tem frio; acuda com o braço àquele que vai tropeçar; poupe o corpo daquele que já tombou; e se algum mais bem provido e seguro para o caminho necessitar apenas simpatia de almas, que as almas se abram para ele transbordando dessa simpatia... Só assim conseguiremos dar alguma beleza e alguma dignidade a esta escura debandada para a Morte». Decerto Fradique não era um santo militante, rebuscando pelas vielas miséria a resgatar; mas nunca houve mal, por ele conhecido, que dele não recebesse alívio."
Ler: http://www.colegiomatisse.com.br/site/wp-content/uploads/2010/08/Eca-de-Queiros-A-correspondencia-de-Fradique-Mendes.pdf
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